quinta-feira, 5 de julho de 2012

Numa altura em que só se fala da crise e do desemprego, acho que vale a pena ler este texto, tão optimista do já conhecido Manuel Forjaz:

"...e se eu tivesse entre 25 e 30 anos, estivesse desempregado, vivesse em casa dos meus pais, numa duradoura situação difícil e uma vida modesta, tivesse sido mau aluno, e feito o curso com má média e baixíssimo potencial de empregabilidade mas sabendo que emigrar não é hipótese? o que faria?


...1ª Começava a trabalhar em qualquer coisa que aparecesse, a primeira, qualque...r função, qualquer salário; hoje no Colombo vi algumas placas de precisam-se! Porque trabalhar é um antídoto contra a depressão; porque as empresas valorizam experiências diversificadas e preferem pessoas ocupadas; porque se eu for muito mas mesmo muito bom talvez tenha algum futuro, mesmo começando a limpar WCs de um McDonalds; porque poderia dar metade do meu salário aos meus pais, e o que me sobrasse pagava-me os custos básicos de sobrevivência; porque a trabalhar não se vive na indolência, criam-se novas redes de amigos e conhecimentos e há sempre alguma formação básica; porque se trabalhar 8 horas por dia e dormir 7 ainda me sobram 9 horas para fazer tudo o resto;

...2º Considerava a hipótese de fazer em simultâneo, mesmo que tivesse de voltar ao liceu, um curso com emprego quase garantido (necessário estudar o que o curto/médio prazo vai pedir) - medicina, engenharia informática, etc., não esquecendo que provavelmente vou viver até aos 95 anos e portanto tenho ainda uma longuíssima vida de trabalho à minha frente;

...3º Procurava desenvolver skills que pudessem enriquecer o meu fraco CV e aos quais pudesse ter acesso; entre eles línguas (mandarim, alemão, árabe e russo; o Ccl do ISCTE tem preços razoáveis; se não tivesse dinheiro para isso, iria a lojas de chineses e tentaria trocar aulas de português por mandarim); nocões fundamentais de programação informática e gestão de redes sociais (pediria a um amigo muito bom aluno do Técnico que me desse explicações, ou tentaria ir à surrelfa assistir a aulas); tentaria enriquecer a minha cultura geral lendo, p.e. os 100 livros mais importantes da história (ranking The Times); provavelmente se me sobrasse ainda energia para um part-time, aderiria a um projecto social, onde pudesse ser útil e aprender novas competências, p.e. assistente logística no Banco Alimentar contra a fome...

...4º Fugindo do horror das candidaturas espontâneas entregues por email, criava, se calhar com a ajuda dum amigo designer gráfico, CVs diferenciados (basta procurar na net formatos criativos de CVS, como o CV Film); testava esses CVs via canais de distribuição diferenciados (email, correio, embalagem, serenata, embrulhado numa caixa), etc; até compreender qual o modelo mais eficaz que depois afinaria até á perfeição; assistiria a um mf24, gratuito, a acontecer por todo o país, para aprender tudo sobre marcação condução e follow-up de entrevistas;

...5º Identificava TODAS as fontes de anúncios de emprego do país: anúncios de painéis de supermercados, empresas directo, União Europeia, ONU, associações, expresso emprego, monster.com, sapo emprego, correio da manhã, e redes sociais de autopromoção ou oferta de emprego (fb, linkedin,...) etc etc etc; no outro dia vi uma lista com mais de 30 sites de emprego em Portugal...junto destes e numa abordagem sistematizada, por exemplo dividindo um tipo de CV por meio testava os diferentes modelos;desenvolvia um sistema informático que me permitisse gerir a procura de emprego semi-automaticamente, p.e. em termos de follow-up de envios de cv;

entre estas escreveria uma lista dos meus 100 conhecidos mais próximos com empregos e pediria que entregassem o meu CV nas respectivas empresas;

6ª Pensaria com algumas empresas que me interessassem muito, com o envio do CV, em oferecer novos modos de contratação de serviços, p.e., oferendo um projecto de geração de leads, pagos à unidade e com base no sucesso;

de todo o processo faria um blog actualizado permanentemente com todas as interacções, e; que mais tarde poderia dar origem à publicação de um livro sobre "Como conseguir emprego ou não..., mas valeu a tentativa!"

Um comentário:

lovely.alter.me disse...

Bom artigo do Forjaz. Conheço-o pessoalmente e é realmente uma pessoa com um sentido de visão extraordinário!! Obrigada por partilhares o texto, que não conhecia.